quinta-feira, 16 de junho de 2011

30 anos


Sempre fui um apaixonado por arte, e desde pequeno me fascinava as obras dos grandes mestres, a arquitetura dos casarões, palácios e prédios das cidades, os detalhes dos sons dos instrumentos e das vozes, a interpretação dos atores, enfim, todas as manifestações artísticas, mas sempre tendo a diferenciação e a criatividade como gatilho. São estes dois tópicos os balizadores de meus trabalhos ao longo dos últimos 30 anos. Meu processo sempre seguiu mais ou menos esta linha: ficar curioso com alguma técnica, aprender as regras básicas e daí por diante dar meu próprio ritmo e toque a elas. Foi assim que por muitos anos produzi obras com a técnica da Xilopintura, variante da Xilogravura, em que, ao deixar de me utilizar das matrizes para a impressão de cópias, eu as tonava obras únicas. Com ela me aventurei no surrealismo, expressionismo e até mesmo em trabalhos iconográficos. Ela é a primeira perna do tripé  artístico desta exposição e traz obras produzidas até meados dos anos 1990.
Como acredito que a vida é formada por diferentes ciclos, no final da ultima década do século 20 decidi buscar uma nova técnica e linguagem, e a escolha recaiu em um blend de colagem com mosaico que gerou a série “Meus Prazeres”, carregada também de uma ambivalência conceitual: de um lado a crítica aos símbolos de status representados por rótulos de vinhos caros que, após terem sido descartados, voltam a exercer seu papel inicial, só que agora ocupando a superfície junto as bordas de minhas obras. No centro os temas se encarregam de fazer uma apologia aos prazeres da integração e de harmonização dos dois conceitos. É daí que vem nossa segunda perna do tripé.
No inicio de 2009, já com o aspecto conceitual da nova série na cabeça, ainda não havia encontrado a técnica para meu novo desafio, e ela veio quase que por acaso em um bate-papo com meu genro Marcelo, que dava os primeiros passos na marchetaria com objetivo de decorar seus trabalhos de marcenaria – foi certamente uma paixão a primeira vista, e desse encontro surgiu a terceira perna do tripé dessa exposição. Assim, vocês terão a oportunidade de acompanhar a fase inicial de desenvolvimento de uma técnica e uma linguagem que, com o passar do tempo, deverão se consolidar, até se tornarem a marca registrada do meu novo ciclo artístico, em sequência a Xilopintura e a Colagem com Mosaico.
Da série Marchetaria teremos 6 obras, e cada uma delas para mim ainda representa uma porta a ser desvendada e desenvolvida.
Qual será a porta escolhida? Honestamente ainda não sei, mas algumas coisas estão muito claras: a marchetaria estará presente dentro da técnica que está em processo de definição e que buscará, no aspecto conceitual, de alguma maneira, uma maior integração com a música e o cinema.

Walter Tommasi

“O maior inimigo da criatividade é o bom senso” – Pablo Picasso

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